segunda-feira, 20 de setembro de 2021

Só sei que foi assim


 Difícil falarmos de nós mesmos.

Sempre tive problemas com aprendizado, desde sempre. Enquanto todos pegavam no ar, eu precisava ler e reler, associar alguma coisa colorida, uma música, uma foto, assim entrava em minha cabeça. Acredito que sempre tive dislexia, devido estudos posteriores, mas ninguém se interessou por isso. Cheguei a ser chacota em sala de aula, tanto que uma professora chamada Cecília me fez passar uma baita vergonha em frente aos alunos na 3 série... Eu chorei, e naquele momento passei odiar a matemática. 

Os professores me colocavam nas primeiras carteiras devido minha demora na aprendizagem, teve até uma professora de ciências que entrou em contato com minha mãe e acabamos descobrindo que eu era míope... E veio os óculos.

Na família sempre fui a mais lenta e a mais detalhista, chegava apanhar da minha irmã mais velha por não fazer a limpeza da casa rapidamente. 

Pergunto para o mundo, porque somos tão diferentes? Se não nos enquadramos acabamos apanhando, sendo chacota e começamos aprender conosco mesmo. Poucos tem olhos de empatia, e como tenho 35 anos, passei minhas dificuldades sem muito olhar diferenciado. 

Hoje preciso ainda caminhar sozinha, trabalho por conta e aprendo a lidar com a minha lentidão. Se isso é bom já não sei, só sei que continuo a caminhar associando tudo para sempre aprender. Espero que um dia possa ser exemplo de pessoas que nunca desistiram, mesmo em passos calmos e cautelosos.

Ariane Alves dos Santos


Nenhum comentário:

Postar um comentário